(Foto: Reprodução/Internet)
Após críticas da oposição e de líderes religiosos, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, decidiu suspender uma nota técnica sobre aborto publicada pela pasta na quarta-feira (28/2).
O documento suspenso derrubava outra nota técnica publicada pelo ministério em 2022, durante o governo Jair Bolsonaro, fixando prazo de 21 semanas e 6 dias de gestação para o aborto legal no Brasil.
“Se o legislador brasileiro ao permitir o aborto, nas hipóteses descritas no artigo 128 não impôs qualquer limite temporal para a sua realização, não cabe aos serviços de saúde limitar a interpretação desse direito, especialmente quando a própria literatura/ciência internacional não estabelece limite”, dizia a nota publicada na quarta.
Segundo o Ministério da Saúde, Nísia decidiu suspender a nota técnica publicada por sua gestão porque o documento “não passou por todas as esferas necessárias” nem pela Consultoria Jurídica da pasta.
A nota estava assinada por dois atuais secretários do ministério: Felipe Proenço de Oliveira (Atenção Primária à Saúde) e Helvécio Miranda Magalhães Júnior (Atenção Especializada à Saúde).
Reação da oposição
Antes de ser suspensa por Nísia, a nota técnica publicada na quarta provocou forte reação de parlamentares da oposição, que prometiam tentar derrubar o documento no Congresso Nacional.
A oposição alegava que, por meio do documento, o governo Lula estaria autorizando o aborto em qualquer fase da gestação, mesmo quando o feto já teria viabilidade para sobreviver fora do útero da mãe.
Fontes do Ministério da Saúde ressaltaram que, com a nota, valeria o que está previsto no Código Penal, que não estabelece qualquer limite de tempo para aborto legal.
Integrantes da pasta lembraram ainda que o documento não ampliava as situações em que é permitido o aborto legal, atualmente liberado apenas quando a gravidez é resultado de estupro ou coloca em risco a vida da mãe.