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Encerrando os trabalhos na Convenção Anual da National Coffee Association (NCA), em Nashville, nos Estados Unidos, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) participou, no dia 9 de março, da Reunião das Organizações Globais do Café, que teve como objetivo alinhar pontos a respeito das novas legislações do comércio mundial e o que os países cafeeiros vêm realizando para se adequarem a esses normativos.
O encontro contou com a representação de países importadores, como Estados Unidos, Canadá, Suíça e nações de Reino Unido e União Europeia, e dos produtores, com Brasil, Colômbia, Costa Rica e Honduras, além da Organização Internacional do Café (OIC).
Contando com as contribuições de Bill Murray (NCA), Eileen Gordon Laity (European Coffee Federation – ECF), Andrew Kerr (OCR Commodities), Robert Carter (Coffee Association of Canada), e Michael von Luehrte e Krisztina Szalai (Swiss Coffee Trade Association – SCTA), os importadores apresentaram as atualizações legislativas ocorridas nos países consumidores.
Do lado dos produtores, representados por Márcio Ferreira e Marcos Matos (presidente e diretor-geral do Cecafé), Guido Fernández (Federación Nacional de Cafeteros de Colômbia), Noelia Villalobos (Asociación de Cafés Finos de Costa Rica / SINTERCAFÉ) e Miguel Pon (Asociación de Exportadores de Café de Honduras), foram demonstradas as preocupações, oportunidades e soluções que vêm buscando para atender, principalmente, ao Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento (EUDR).
“Essa foi mais uma excelente oportunidade de networking e para apresentarmos as iniciativas que temos conduzido em relação à rastreabilidade, por meio da Plataforma Cecafé-Serasa Experian, que nos fez projeto-piloto da Comissão Europeia, sendo referência para os demais países produtores; à sustentabilidade, conforme atestamos, ambientalmente, por meio do nosso Projeto Carbono, socialmente, com programas como Produtor Informado, e, economicamente, comprovando todo o arcabouço do segmento exportador, que supera gargalos, faz com que o Brasil honre seus compromissos, mantenha ou amplie seu market share e, principalmente, coloque-se como o maior repassador do valor (Free on Board) FOB ao cafeicultor”, destaca Matos.
Miguel Pon, representante de Honduras, fez considerações sobre os custos relativos à rastreabilidade nos países produtores para que possam auxiliar os importadores a comprovarem o respeito aos critérios ESG dos cafés que adquirem. O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, completou que não se trata de gastos específicos para o desenvolvimento de uma ferramenta que ajude a confirmar a sustentabilidade do processo, mas, sim, do dispêndio envolvido em todo o trâmite comercial do café.
“Há e seguirá havendo custos diversos, desde a fazenda até o estufamento dos contêineres, principalmente quanto à necessidade de rastreabilidade de lotes de cafés adquiridos diretamente de produtores, maquinistas, cooperativas ou mesmo de outros exportadores. Existem, ainda, os gastos com controles como Sistema de Gerenciamento de Armazéns (Warehouse Management System – WMS) e Tecnologia de Identificação por Radiofrequência (Radio Frequency Identification – RFID) com a segregação desses respectivos lotes, implicando em maiores custos financeiros, investimentos em capital humano, etc. Tais custos, permanentes, vão muito além da mera construção de plataformas e também do mapeamento da cafeicultura”, detalha Ferreira.
O diretor-geral do Cecafé pontua, ainda, as colocações feitas por Murray, CEO da NCA, que enalteceu, durante o evento, a experiência que viveu no Brasil, onde pôde atestar e, hoje, reconhecer a sustentabilidade da cafeicultura brasileira ao visitar regiões cafeeiras de arábica e conilon no país. “Em função de trabalhos de promoção e networking, tanto Bill (Murray), quanto nós, sabemos que a relação NCA-Cecafé é baseada na abertura, na confiança e na amizade”, revela.
Como encaminhamento da reunião, os participantes se comprometeram a otimizar o alinhamento e preparar um manifesto, envolvendo os pontos de vista de produtores e importadores, para buscar soluções voltadas aos próximos passos no processo legislativo referente ao EUDR, quais seus impactos nos consumidores e produtores e o que e como as associações podem e devem apoiar, moldar e direcionar opiniões, em especial no sentido de gerir recursos financeiros.
“Ponto consensual do encontro foi que a chave para o sucesso é a continuidade da colaboração mútua e a troca de informações entre as associações para se alcançar um futuro mais eficaz a todos os agentes da cadeia”, conclui Matos.
A convite do Cecafé e para contribuir com a visão dos industriais brasileiros, tanto interna, quanto externamente, também participaram da Reunião das Organizações Globais do Café o presidente e o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Pavel Cardoso e Celírio Inácio, respectivamente.