(Foto: Divulgação)
Finalmente, depois de seis anos, com 1.200 metros de extensão, usando o que existe de mais moderno em tecnologia para esse tipo de obra com investimentos de R$ 150 milhões, a terceira maior ponte no país, construída pelo Departamento Nacional de Infra Estrutura e Transportes (DNIT), no distrito de Ponta do Abunã, no rio Madeira, distante 220 quilômetros de Porto Velho será inaugurada nesta sexta-feira (7) pelo presidente Jair Bolsonaro, os governadores de Rondônia, Marcos Rocha, do Acre Gladson Camelli e outras autoridades e convidados.
O norte de Rondônia e sul do Acre, assim como um naco do sul Amazonas, tiveram por séculos a travessia no rio Madeira pelo moroso, cansativo, caro e retrógrado sistema de navegação por balsas, que pelos valores cobrados na atualidade entesouravam uma média de R$ 1,9 milhões por mês aos responsáveis pelas balsas.
Às vezes, o sistema de balsas ocasionava espera de até uma hora, com uma média de 600 veículos por dia entre caminhoneiros, ônibus e carros de passageiros em deslocamento de Rondônia em direção ao Acre, ou vice-versa.
No eixo de 160 quilômetros partindo das margens do rio Madeira, em direção ao Acre, pela BR-364, até o distrito de Nova Califórnia, na divisa com o estado vizinho, são mais de 225 mil hectares de terras férteis, antropizadas, necessitando de pequenas correções de solo e curvas de nível para a produção de soja, milho e arroz, sem que seja necessário derrubar uma árvore. E tem mais: ali, existem em torno de 265 mil cabeças de bovinos, criados a pasto.
Abrindo caminhos em direção ao Pacífico
Para empresários como Adélio Barofaldi e Manoel Serra, assim como o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Rondônia (Faperon), Hélio Dias, a conclusão da ponte sobre o rio Madeira, no distrito de Abunã, é um marco histórico que abre caminhos para os produtos deste estado e do noroeste de Mato Grosso, com destaque para carne, soja e milho, alcançarem pelo Oceano Pacifico mercados consumidores importantes como os Estados Unidos, a Europa e a Ásia.
Do mesmo ponto de vista, concorda o secretário de agricultura, Evandro Padovani, que vê nesta região um novo polo de desenvolvimento do agronegócio.
A interligação, após a conclusão da ponte com o Estado acreano, em direção aos Andes, assim como para os grandes mercados consumidores no velho continente, somando a produção no campo que na atualidade encontram dificuldades, principalmente pelos custos elevados no sistema de travessia via balsa, pelo rio Madeira, com os valores acentuados cobrados, mudará com certeza a panorama desta vasta região.
Depoimentos favoráveis
Dona Sueli Miranda administra há 11 anos um pequeno quiosque próximo ao local onde atracam as balsas às margens da BR-364, junto ao rio Madeira, comercializando salgados, café, doces e refrigerantes. Mesmo sabendo que deixará o local pela ausência de clientes, ela diz que está feliz em ver a ponte concluída, pois “já arranjei outro local para continuar trabalhando”. Ela acentua que a ponte vai implementar o progresso e riqueza para a região.
José Luiz é caminhoneiro e transporta soja e milho, atravessando o rio Madeira pelas balsas no mínimo duas vezes por semana, pagando R$ 220 na ida e R$ 220 no retorno. No ponto de vista dele, com a inauguração da ponte os recursos deixados na travessia do rio servirão para investimentos em outras áreas, favorecendo inclusive os pequenos negócios ao longo do trecho entre Rondônia e Acre.
Para Sérgio Pires, caminhoneiro que transporta bois das fazendas ao longo da BR-364 para os frigoríficos de Porto Velho e Ji-Paraná, a abertura da ponte sobre o rio Madeira “vai ser uma mão na roda” para quem depende da rodovia para desenvolver suas atividades econômicas nesta região.
Do lado de cá do rio Madeira, no distrito de Ponta do Abunã, onde a maioria das famílias sobrevive da piscicultura, com a produção do pescado em decadência pelo uso indiscriminado e predatório desta riqueza natural, ninguém reclama sobre a construção da ponte.
No entanto, como afirmou um antigo morador que pediu para não ser identificado, muita gente terá que abandonar aquele ponto histórico, que ainda guarda como lembrança pedaços de máquinas e equipamentos da antiga Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. O progresso é implacável e, às vezes chega, cobrando um preço elevado daqueles que não se prepararam para recebê-lo.
Fonte: Dário da Amazônia