(Foto: Plan FM Vilhena)
LONDRES - Seis grupos varejistas europeus, incluindo a Sainsbury's, de Londres, e francesa Carrefour restringiram as compras de carne bovina do Brasil a novas descobertas que ligam a produção de gado ao desmatamento na Amazônia, Cerrado e Pantanal.
Integrantes do Repórter Brasil, que faz investigações independentes, e da Mighty Earth, uma organização sem fins lucrativos com sede em Washington, rastrearam a carne bovina brasileira ligada ao desmatamento até as lojas de varejo europeias na forma de charque, carne enlatada e cortes nobres frescos, disseram as organizações na quarta-feira
Alguns supermercados, como o Sainsbury’s U.K., estão suspendendo as compras de carne enlatada de todo o país, enquanto outros, como o Carrefour da Bélgica e o Delhaize, removerão uma marca de charque de suas prateleiras chamada Jack Link’s.
Supostas irregularidades
A Jack Link’s tem uma joint venture com a JBS para produzir salgadinhos de carne bovina para exportação para a Europa e os EUA, de acordo com Nico Muzi, diretor da Mighty Earth para a Europa, e as instalações da JBS que produzem a carne seca estão ligadas ao desmatamento, disse ele.
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" Estas são uma série de ações comerciais concretas tomadas por alguns dos maiores supermercados europeus para deixar de comprar e vender carne bovina de uma empresa e um país que fizeram muitas promessas, mas apresentaram poucos resultados", disse Muzi no comunicado.
As supostas irregularidades estão relacionadas a fornecedores indiretos de gado para a JBS SA, maior exportadora de carne bovina do mundo, a Marfrig Global Foods SA, a segunda maior, e a Minerva SA, líder em exportações para a América do Sul, disse o relatório.
Os fornecedores indiretos são fazendeiros que criam gado para vender para outros produtores, que depois os vendem para os frigoríficos.
Por sua vez, os processadores de carne vêm adotando algumas medidas. Ano passado, a JBS e a Marfrig anunciaram novos sistemas e ferramentas de rastreamento, incluindo tecnologia blockchain, para tentar melhorar o cumprimento das normas. As empresas já haviam feito promessas semelhantes anteriormente com pouco efeito.
A JBS "não aprova nenhum tipo de desrespeito ao meio ambiente, às comunidades indígenas ou à legislação brasileira", disse a empresa em nota, acrescentando que, no momento da compra, todas as propriedades do fornecedor direto já cumpriam com os protocolos de abastecimento responsável da empresa.
A Minerva disse que os fornecedores indiretos citados no informe não estão em sua lista de fornecedores e que as fazendas que vendem gado diretamente à empresa não estão vinculadas ao desmatamento.
A Marfrig afirmou que “mantém um rígido e definido protocolo de compra de animais, baseado em critérios socioambientais que seus fornecedores diretos precisam atender, além de realizar o monitoramento via satélite e em tempo real na região amazônica há mais de uma década”.
A empresa destaca o lançamento do Plano Marfrig Verde+, que visa rastrear 100% da sua cadeia na Amazônia até 2025, e 2030 para os demais biomas. E que houve a regularização e reinclusão de mais de mil fornecedores no cadastro da companhia.