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Segundo publicação do site UOL, as autoridades colombianas, brasileiras e norte-americanas estão investigando ex-membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) sob suspeita de controlar uma das rotas do tráfico internacional na Amazônia e de negociar cocaína com as duas principais facções criminosas do Brasil.
Os primeiros indícios dessa relação surgiram quando ex-guerrilheiros abrigaram Fernandinho Beira-Mar, líder do Comando Vermelho, que era o traficante mais procurado do Brasil e foi preso em 2001 em território colombiano. Mais de 20 anos depois, documentos de inteligência do Exército da Colômbia revelam que a facção criminosa liderada por Beira-Mar é mencionada em relação aos ex-guerrilheiros das Farc que abrigaram o traficante.
Esses documentos também indicam que as facções brasileiras recebem carregamentos de drogas em São Gabriel da Cachoeira (AM), por meio de rotas fluviais que conectam Colômbia e Brasil, sugerindo uma aliança no transporte de drogas com os ex-guerrilheiros que abrigaram Beira-Mar.
O Comando Vermelho (CV) é encarregado de “recuperar rotas no Amazonas,” enquanto o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma facção criminosa de São Paulo, é mencionado como aliado de narcotraficantes no sul da Colômbia e está em disputa de território com o CV.
A advogada Paloma Gurgel, que representa Fernandinho Beira-Mar, afirmou que ele não responde criminalmente por atos ocorridos em território colombiano.
A rota de tráfico tem início na Colômbia, ao longo do rio Vaupés, onde traficantes de cocaína, especialmente ex-guerrilheiros das Farc, convivem com 17 etnias indígenas. Essa rota fluvial deságua no rio Negro, cruzando a fronteira com o Brasil em São Gabriel da Cachoeira, antes de chegar a Manaus, capital do Amazonas, onde a droga é transportada para países europeus com o auxílio de aeronaves.
A presença de ex-guerrilheiros das Farc no Brasil já é observada há mais de 15 anos, mas a crescente importância do Brasil no tráfico internacional tem impulsionado essa presença. Grupos de ex-guerrilheiros da Colômbia agora buscam fazer com que a cocaína produzida na Colômbia chegue em grande escala ao Rio de Janeiro e São Paulo.
Outro documento de inteligência menciona a relação entre o colombiano Nelson Jaramillo Quiceno, conhecido como Calidad, e a facção criminosa paulista PCC. Calidad é descrito como o “contato direto do cartel brasileiro PCC e responsável por movimentos fluviais” para transportar cocaína do rio Vaupés ao rio Negro até São Gabriel da Cachoeira, de onde a droga é levada para Manaus. As investigações indicam que Calidad foi o elo entre ex-guerrilheiros das Farc e membros do PCC no Amazonas.
Grupos de colombianos têm sido apreendidos com grandes carregamentos de drogas e armas de guerra nos estados de Roraima e Pará, além de terem sido detectados voando baixo para atravessar a fronteira sem serem capturados por satélites da Aeronáutica.
A expansão desses grupos no Brasil visa estabelecer rotas de tráfico de cocaína, especialmente com destino ao Sudeste do país, como Rio de Janeiro e São Paulo.
A ligação entre os ex-guerrilheiros colombianos e as facções criminosas brasileiras, bem como a presença desses grupos no Brasil, evidenciam a complexidade e os desafios enfrentados pelas autoridades no combate ao tráfico de drogas na região da Amazônia.